Apenas em março foram registrados 310 óbitos. Entre os delitos “campeões” estão: crime de latrocínio (roubo seguido de morte); da agressão a criança e do adolescente; agressão à idosos; e, agressão as mulheres, sem mencionar os demais (ex.: tráfico de drogas, de crianças, etc.), na vergonhosa lista dos principais crimes.
Há onze dias e há poucas semanas da Copa do Mundo uma notícia envergonhou Pernambuco perante o Brasil e o mundo. Depois da competição entre o Santa Cruz e o Paraná, um grupo de jovens (delinquentes) da torcida Inferno Coral (e não poderia ter outro nome) arremessou covardemente uma privada num torcedor do Paraná, que morreu imediatamente.
Não bastasse as ruas e alguns ambientes públicos e o referido fato, até o refúgio da fé corre perigo. É o caso da igreja matriz de Santo Amaro, cuja prática da delinquência obrigou seu líder, o padre Marcelo Marques, a restringir sua missa apenas aos domingos (JC-26.03.2014). Curiosamente, o referido bairro é considerado (ou foi?) o maior trunfo do programa Pacto pela Vida, quando chegou a atingir 31,44% de redução da taxa de homicídio, nos últimos 9 anos, conforme dados da própria Secretaria de Defesa Social – SDS.
Com a quinta maior população carcerária brasileira, não foi difícil o estado atingir a liderança nacional em relação ao número de julgamentos (17% do total do País). De acordo com o Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE), depois da Semana Nacional do Júri, espécie de mutirão jurídico que reuniu 3 mil processos. Por aqui, a maioria deles estão relacionados a crimes dolosos (com intenção de matar). E, segundo o Mapa da Violência de 2013, a suspeita popular foi confirmada: Pernambuco é um dos estados mais violentos do País. E a situação já é insustentável.
Até mesmo o filósofo colombiano Antanas Mockus (e ex-prefeito de Bogotá) foi convidado para dar palestra sobre o assunto, visto seu currículo vitorioso no tocante a redução dos crimes da violenta capital colombiana. Mas, ao contrário da esperada fórmula mágica, como, por exemplo, um novo e infalível tipo de repressão policial, Mockus traz por solução conceitos de desarmamento, cidadania, justiça e sua relação com a lei, moral e cultura para atingir a tão almejada paz.
Para isto acontecer, seriam necessários pesados investimentos na educação, com efeito de longo prazo. Mas, ao que parece, a lição do sábio foi muito cara à nossa onerosa elite política. O receio (deles) é a sociedade exigir mais dos governantes, a exemplo dos países desenvolvidos, onde o sistema educacional é de alta qualidade. Isto custaria (para os nossos) abrir mão de seculares privilégios. Basta observar a pauta atual do governo, cujo foco deriva entre sancionar a CPI da Petrobrás e a corrida eleitoral de outubro, conforme os noticiários, enquanto o cidadão deseja apenas chegar vivo em casa.
Vejamos, numa cidade que reduziu de 21,11% (desde 2010) para 16,95% a participação dos investimentos em educação, já refletidos na falta de material escolar, como livros e material didático; além do pior salário já pago a um professor no Brasil, inferior a dois mil reais (nível superior: R$1.901,00; nível fundamental: R$ 1.698,00); e com uma população onde 35,4% ocupa a linha da pobreza, e 17,9% na da miséria, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia Estatística – IBGE, não é preciso ser cientista político para deduzir o que a soma desta combinação macabra pode dar.
Nelson Sampaio Júnior é jornalista e membro da União Brasileira dos Escritores (UBE).
Há onze dias e há poucas semanas da Copa do Mundo uma notícia envergonhou Pernambuco perante o Brasil e o mundo. Depois da competição entre o Santa Cruz e o Paraná, um grupo de jovens (delinquentes) da torcida Inferno Coral (e não poderia ter outro nome) arremessou covardemente uma privada num torcedor do Paraná, que morreu imediatamente.
Não bastasse as ruas e alguns ambientes públicos e o referido fato, até o refúgio da fé corre perigo. É o caso da igreja matriz de Santo Amaro, cuja prática da delinquência obrigou seu líder, o padre Marcelo Marques, a restringir sua missa apenas aos domingos (JC-26.03.2014). Curiosamente, o referido bairro é considerado (ou foi?) o maior trunfo do programa Pacto pela Vida, quando chegou a atingir 31,44% de redução da taxa de homicídio, nos últimos 9 anos, conforme dados da própria Secretaria de Defesa Social – SDS.
Com a quinta maior população carcerária brasileira, não foi difícil o estado atingir a liderança nacional em relação ao número de julgamentos (17% do total do País). De acordo com o Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE), depois da Semana Nacional do Júri, espécie de mutirão jurídico que reuniu 3 mil processos. Por aqui, a maioria deles estão relacionados a crimes dolosos (com intenção de matar). E, segundo o Mapa da Violência de 2013, a suspeita popular foi confirmada: Pernambuco é um dos estados mais violentos do País. E a situação já é insustentável.
Até mesmo o filósofo colombiano Antanas Mockus (e ex-prefeito de Bogotá) foi convidado para dar palestra sobre o assunto, visto seu currículo vitorioso no tocante a redução dos crimes da violenta capital colombiana. Mas, ao contrário da esperada fórmula mágica, como, por exemplo, um novo e infalível tipo de repressão policial, Mockus traz por solução conceitos de desarmamento, cidadania, justiça e sua relação com a lei, moral e cultura para atingir a tão almejada paz.
Para isto acontecer, seriam necessários pesados investimentos na educação, com efeito de longo prazo. Mas, ao que parece, a lição do sábio foi muito cara à nossa onerosa elite política. O receio (deles) é a sociedade exigir mais dos governantes, a exemplo dos países desenvolvidos, onde o sistema educacional é de alta qualidade. Isto custaria (para os nossos) abrir mão de seculares privilégios. Basta observar a pauta atual do governo, cujo foco deriva entre sancionar a CPI da Petrobrás e a corrida eleitoral de outubro, conforme os noticiários, enquanto o cidadão deseja apenas chegar vivo em casa.
Vejamos, numa cidade que reduziu de 21,11% (desde 2010) para 16,95% a participação dos investimentos em educação, já refletidos na falta de material escolar, como livros e material didático; além do pior salário já pago a um professor no Brasil, inferior a dois mil reais (nível superior: R$1.901,00; nível fundamental: R$ 1.698,00); e com uma população onde 35,4% ocupa a linha da pobreza, e 17,9% na da miséria, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia Estatística – IBGE, não é preciso ser cientista político para deduzir o que a soma desta combinação macabra pode dar.
Nelson Sampaio Júnior é jornalista e membro da União Brasileira dos Escritores (UBE).
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