sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Dilma Rousseff: a Dama de Ferro Brasileira?

No dia primeiro de janeiro de 2011 o povo brasileiro testemunhou um momento histórico: a posse da presidente Dilma Rousseff, a primeira mulher a comandar o Brasil. Todavia, ela não é única do recente quadro político mundial. Nomes como a chanceler Angela Merkel, na Alemanha; a presidente Cristina Kirchner, na Argentina; ou a Secretária de Estado Hillary Clinton, nos Estados Unidos (entre outras) compõem o cenário feminino internacional. Apesar destes nomes, a atual chefe do executivo brasileiro vem sendo constantemente comparada a ex-primeira ministra britânica Margareth Thatcher, conhecida pelo apelido “Dama de Ferro”, seria um exagero?
De fato, aproveitando o jargão do ex-presidente Lula: “nunca na história deste país...” uma mulher conquistou tanto poder. Eleita com mais de 56% dos eleitores, de quebra, ela ainda assumirá o governo com maioria parlamentar. E mais, de seus 37 ministros, nove mulheres irão compor o seu governo em 120 anos de República brasileira.
Breve Biografia
Filha do advogado e empreendedor búlgaro Pétar Russév (naturalizado brasileiro como Pedro Rousseff) e da professora brasileira Dilma Jane Silva, Dilma Vana Rousseff nasceu em 14 de dezembro de 1947, em Belo Horizonte – Minas Gerais. De classe média, na infância estudou em colégios de formação católica e conservadora.
Contudo, interessou-se por política logo após o regime militar de 1964. Influenciada pelo movimento estudantil, bastante ativo na época, ingressou no POLOP (Política Operária) e, posteriormente no Comando de Libertação Nacional (COLINA). Foi justamente neste último que lhe conferiu maior fama, como a questão da clandestinidade além, das ações armadas (assalto a bancos, atentados a bomba, etc.) que ela nega ter participado diretamente. No início dos anos 1970 foi condenada a seis anos de prisão, quando foi severamente torturada. Mas depois de dois anos foi absolvida pelo Supremo Tribunal Militar.
Após a anistia, filia-se ao PDT, partido do ex-exilado político Leonel Brizola. Na carreira política, de 1985 até 1988 foi Secretária Municipal da Fazenda do prefeito Alceu Collares (PDT-RS), em Porto Alegre. E, posteriormente, em 1990, quando este foi eleito governador do Estado (Rio Grande do Sul) ela assume a pasta das Minas, Energia e Comunicações. Em 1998, no governo do petista Olívio Dutra foi convidada para assumir o mesmo cargo, em sinal de sua competência. Em sua gestão a capacidade de atendimento do setor elétrico subiu 46%.
O seu prestígio aumentou quando, na crise do apagão do governo FHC, a região sul foi à única não atingida. Apesar de ter alertado antes o presidente do iminente problema do setor elétrico. Por isso, em 2002 ela foi convidada para ministra das Minas e Energia, no governo Lula. Com o escândalo do mensalão e a renúncia do então ministro José Dirceu Dilma é nomeada em seu lugar para a Casa Civil, o mais importante posto do governo brasileiro.
Foi justamente a sua experiência como Chefe da Casa Civil que lhe garantiu as bases para a caminhada à presidência da República.

Semelhanças entre Dilma e Thatcher
Evidentemente, é notório afirmar algumas semelhanças entre Dilma Rousseff e Margareth Thatcher, como no campo da personalidade, fator esse fundamental pra qualquer mulher que almeja um cargo de destaque. Mas resumi-las uma na outra beira à estupidez. Ambas possuem uma personalidade forte e de comando, aliados a um caráter técnico e pragmático nas decisões. Coincidentemente, herdaram de seus respectivos pais a veia para a política.
O pai de Dilma, Pedro Rousseff, era um advogado búlgaro e antes de imigrar ao Brasil era filiado do partido comunista da Bulgária; no caso de Margaret, seu pai, Alfred Roberts, era proprietário de uma mercearia. Porém foi um ativo membro municipal de Granthan, cidadezinha dos Midlands ( região Central da Inglaterra) e, posteriormente prefeito durante um ano, em 1945.
Na vida acadêmica Dilma graduou-se em Economia pela Universidade Federal do Rio Grande de Sul em 1977, visto que em Minas (sua terra natal) foi impedida de concluir o mesmo curso em função do AI-5, sob acusação de subversão. Thatcher formou-se em Química, mas exerceu por apenas quatro anos. Em seguida, optou por estudar direito pela Universidade Oxford, em 1953. Daí inicia suas pretensões políticas.
Elas foram eleitas as primeiras mulheres de seus respectivos governos. A obsessão pela objetividade e a busca por resultados é similar, nem que para isto ameace a popularidade. Ambas não nasceram com o carisma comum dos grandes líderes. Margareth vivia nos altos e baixos de popularidade e chegou à amargar em minguados 25% de aprovação no final de seu governo (1979-1990).
Como Dilma não teve tempo de gozar a presidência, sua estada com chefe da Casa Civil (2002-2010), cujo posto equivale, em linhas gerais, a de primeiro-ministro em outros regimes apenas conseguiu se eleger por um carisma transferido pelo seu padrinho político, o ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva.
Principais Diferenças
Passadas as semelhanças acima relatadas, no campo da política a disparidade entre as duas é enorme. Enquanto estava no poder, Margaret tornou-se símbolo da direita mundial ao defender abertamente o neoliberalismo econômico, ou seja, a menor participação do Estado na economia. Para isto, seguiu de forma rigorosa a nova cartilha como a questão das privatizações de estatais, redução de gastos e uma oposição implacável aos movimentos sindicais do Reino Unido.
Inversamente, como foi dito Dilma optou desde sua juventude pelos movimentos de esquerda, inclusive os mais radicais (como as ações armadas). Enquanto ministra das Minas e Energia conseguiu equacionar os problemas do setor elétrico. E na Casa Civil foi uma ativa defensora do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), embora em gestação, as obras, como a transposição do São Francisco, prometem beneficiar inúmeros estados brasileiros, sobretudo o Nordeste. Principalmente no mandato atual.
No início do governo, a primeira ministra britânica conseguiu reduzir a inflação e a valorizar a libra esterlina que proporcionaram algum fôlego à economia, além de uma relativa paz com a opinião pública. Em contrapartida, o índice de desemprego triplicou desde a sua posse, em cerca de três milhões de britânicos.
Todavia, a sua personalidade austera conferiu-lhe numerosos inimigos, internos e externos, sobretudo dos países de ordem comunista. Principalmente a extinta União Soviética. Daí nasceu o apelido “Dama de Ferro”, que lhe deixou fama pelo resto da vida.
Controvérsias à parte, tanto Margaret Thatcher quanto Dilma Rousseff tornaram-se, entre outras, referência mundial da mulher moderna enquanto estadista, um estímulo para tantas outras, além de entrarem definitivamente para a História.
Referência para Pesquisadores
http://pt.wikipedia.org/wiki/Dilma_Rousseff
http://pt.wikipedia.org/wiki/Thatcher
Livro Margaret Thatcher-os Grandes Líderes-original-cdlandia
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